quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Sorriso e o silêncio (Gilberto Marcon)


Se quiser dizer algo...
Que fale como o vento fala às folhas,
Que fale como a brisa que ameniza o coração.
E então construa no silêncio,
E ainda assim ouça vozes angélicas a cantar.
Roube de ti a sensação de paz inexistente,
E troque-a pela paz almejada e tão distante.
Se quiser dizer algo...
Simplesmente não diga,
Pois que pode ser que já esteja presente,
No fruir das almas, no dirigir dos dias,
Nos desencantos e na magia dos destinos.
E então dê apenas um sorriso de satisfação,
Pois que seduzido pelo encanto,
Nada será tão atraente senão a paz.
Paz que não é imobilidade,
Mas movimento contínuo,
e harmônico.
De modo que nem lágrima, nem riso,
Mas a lividez do rosto que tem olhos de ver,
Dos ouvidos que sabem escutar segredos,
Da voz que fala mesmo no silêncio.
Pois que nem a letra, nem a sílaba,
Talvez nem mesmo a palavra,
Pois que transcende em encanto.
Pois que sorri apenas.
E no sorriso está a magia.
O limiar entre o “benvindo!”,
E o “adeus!”,
Para descobrir o prazer do “até breve”.
Pois que o prazer estará sempre no encontro,
No unir que vence as individualidades.
E, por isso, sejamos breves,
Impulsionados por nossa eternidade.
E perdido o tempo,
Não mais tempo algum,
Senão uma ilusão de minúsculo instante,
Onde vejo, com o coração, um sorriso.

Eu faria tudo tudo de novo!



"Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia." (Fernando Pessoa)

Parece que foi ontem que ingressamos no Curso de História na UEPB, mais precisamente na Turma 2007.2. Olhares inseguros, assimilando a novidade do estar naquele ambiente desconhecido, cercados por pessoas estranhas. Logo fomos aproximando-nos, conquistando-nos e deixando-nos conquistar uns pelos outros de forma que, passados estes quatro anos, hoje sentimos o quanto nos dói essa despedida. Foram inúmeros, prazerosos, extraordinários, divertidos, sólidos, inesquecíveis, singulares momentos que marcaram enfaticamente nossa trajetória. O curso, mais do que uma profissão e bagagem teórica, nos possibilitou adquirir amigos e isso (como disse nosso amigo Diógenes, via Twitter)  "foi o que realmente valeu".

Hoje separamo-nos, no entanto fica a certeza de que fizemos acontecer, como disse nosso apreciável amigo Kellysson, fizemos história. Com lágrimas nos olhos comemoramos este término de curso e lamentamos a despedida. Porém, mesmo que não nos encontremos com frequência, ainda que não percebamos, estaremos sempre presentes uns na vida dos outros pois os laços que construímos ultrapassa o limite espacial da sala de aula, foi uma aprendizagem marcante. Não é o fim, mas o começo do resto de nossas vidas. Que nos deixemos perfumar pelo fluido de Primavera e sonhemos (como nos lembrou nosso amigo Robério, Potência!). Principalmente que tenhamos determinação e força de vontade (a exemplo do nosso amigo João) para lutar pelos nossos ideais. Lembrarei sempre e com especial afeição do meu "Grupinho do Amor" (Denise, Gaby, Hérica, Manu e Taty), amigas maravilhosas, cada qual com suas qualidades que me cativaram e coloriram meus dias (no caso de Taty, coloriu no sentido literal) amo muito voces. E o que dizer dos momentos "pão com mortadela" onde eu, Denise e Renato e, por vezes João, passávamos os sábados nos cursos de extensão? Também como esquecer o EREH (ou NO LIMITE!), destaque para a aflição incontrolada de Fernanda (com todo seu drama), que acabou desistindo e voltando para o aconchego do lar, juntamente com Gaby; restamos eu, Denise, Renato e Luan... e a volta no ônibus? Rsrsrs foi ótima!

É gente, "nós livramos", como costumávamos dizer durante nossas conversas na Copiadora Penélope, onde morríamos de rir compartilhando as 'besteiras mais importantes do mundo' (destaque para as histórias de Diógenes, as mais hilárias de todos os tempos). É como dizem: "Tudo passa", e como passou rápido, mas tudo deixa significação. Nossas subidas ao centro da cidade, não eram mera caminhada, mas instantes de interação nos quais fluíam nossos insights (cujos melhores eram os de Ezequiel, Kellysson e Renato). São memórias em torno do Açude Velho carregadas de sentido e que, só agora nos damos conta do quanto são importantes.

Quero agradecer a todos os professores que, de muitas formas, fizeram parte de nossa formação, enquanto sujeitos pensantes, críticos. Em especial à professora Vanuza (com sua paciência diante do nosso desânimo, quando ela tentava nos direcionar com seus conselhos sempre válidos) e ao prof. Camilo, que nos encerraram no curso e com quem aprendemos demasiadamente. Agradeço principalmente a todos voces: CARLOS, DENISE, DIÓGENES, EZEQUIEL, EDUARDO, FERNANDA, GABI, HÉRICA, ZIZA, JOÃO, LUAN, KELLYSSON, MANU, MICHELLE, RENATO, ROBÉRIO E TATTY. Lembro também de Paulo (o querido Apófis) , grande amigo também que nos alegrava muito, Édna, Jociene, Fhairussy e as demais pessoas que passaram por nossa turma. Peço desculpas se magoei alguém. Tivemos conflitos, mas somos seres de relação e divergimos em opiniões, muita vezes falamos o que não queremos e machucamos a quem não devíamos machucar. Foi um prazer enorme compartilhar minhas manhãs com todos e desejo muita saúde, sucesso e felicidades. Como disse a profa. Vanuza em nossa última aula "busquem a felicidade, que é o mais importante". Não importa o que façamos, onde estejamos, que sajamos felizes e façamos as pessoas à nossa volta felizes. Encerro esta fala não com tristeza, mas com gratas lembranças, muito feliz por ter feito parte dessa turma.  Amo voces e caso precisem, podem contar com a minha consideração.                          
                                                                                                     Mônica Valéria

Dicionário Paraibanês



Abestado; Abestalhado

Açoite: Chicote

Acunhar: Agir bruscamente

Afolosado: Frouxo/folgado

Agoar: Regar

Amuado: Chateado

Alcoviteira: Pessoa que faz intermediação ou apóia namoro proibido

Aloprar: Exagerar

Alpercata: Sandália rasteira de couro cru

Amancebado: Aquele que não é casado no papel

Arenga - Briga

Ariado: Desorientado, sem rumo.

Arretado: Algo ou alguém muito bom; estar com raiva

Arripunar: Engasturar

Arrochado: Pessoa de palavra, que faz o que promete/ apertado

Arrodear: Dar a volta.

Assanhado : Despenteado.

Avexada: Com pressa, preocupada, nervosa

Avoado: Distraído.

Azilado: malandro, pessoa sem futuro

Baliadeira: Estilingue

Bilôla: Sentir-se mal

Boiar: sobrar

Botar boneco: Discutir

Botar pa decê: Divertir-se

Brenhas - Lugar longe e de difícil acesso

Bufete : Soco, murro

Bulir: Mexer com alguém

Caba: Homem

Cabimento: Ousadia

Cangote – Pescoço

Canguêro: Motorista ruim.

Carrêgo: Pessoa ou lugar perigoso.

Catabí: Buraco na estrada

Catombo- Calombo, galo

Catraia: Puta de última categoria; mulher muito feia

Catrevage: Xingamento

Chamboque: Reboco, pedaço

Cipuada: Pancada forte

Coió: quando a pessoa está cansada, ‘acabada’

Cotôco: Resto

Currulepe: Sandália

Dar Um Migué: Enganar.

Dar fé: Perceber.

Desembestado: Apressado.

Desenrolado: Esperto

Disunerar: desandar , perder o ponto da receita

Descabaçar – Desvirginar uma donzela

Desopilar - Descontrair

Emburacar: Entrar sem pedir licença

Emendar: Consertar.

Empachado: Aquilo que não fez a digestão

Encarcar: Apertar

Enturido: Muito cheio, entupido

Escacaviar: Procurar

Escangalhado: Arrebentado

Estribado: Rico.

Ficar solto na bagaceira: Ficar solteiro.

Ficar todo errado: Encabular.

Fiteiro: Camelô

Folote: Frouxo, folgado

Friviando: Latejando / palpitando

Frouxo: Medroso

Fubento: Desbotado, muito usado

Gaiato: Pessoa muito engraçada

Garapa: Água com açúcar

Gastura: Aflição, mal-estar

Gazear: Matar aula

Gota Serena: expressão que denota agitação

Guelar: Ter vantagem às custas dos outros, comer ou beber

Gurejar: Desejar

Iapoi: Usa-se para confirmar ou concordar

Imburacar: Entrar sem pedir licença

Incriquiado: Cabelo crespo

Inhaca: Cheiro ruim

Instruí: Desperdiçar

Intuado: Pessoa radical.

Incangado: Em cima, junto, que não se separa.

Infeliz das costas ocas

Insacar: Passar a camisa por dentro do cós da calça

Invocado: Com raiva

Ir com a bixiga taboca: Ir com sede ao pote

Istruir: Desperdiçar

Lesado: Bobo

Liso: Sem dinheiro

Malamanhado: Desarrumado

Mangar: Rir de uma pessoa

Marmota: Pessoa desajeitada

Massa: Tudo o que é bom

Melado: Suado

Miaeiro: Cofrinho para moedas

Mói: Quantidade indeterminada

Muído: Situação que não se resolve nunca.

Mulinga: Raiva

Mundiça: Grupo de pessoas mal-educadas, Gentalha

Munganga: Caretas, gestos exagerados

Muriçoca: Pernilongo

Né isso,hômi : Concordo com você

Oxente!: Interjeição de espanto

Pantim: Frescura

Pastorar: Tomar conta, vigiar

Peba: Tudo o que é ruim

Pegar o beco: Ir embora

Pitoco: Botão de som

Pixotinho; Chôcho: Muito pequeno

Poivar: Boca- livre, comer ou beber de graça

Riri: Zíper

Ronxa: Hematoma

Ruma: Muita coisa

Segurar vela: Acompanhar casal de namorados

Sibite: Pessoa muito magra

Talhada: Fatia de melão ou de melancia

Tapiar: Enganar

Tirinete: Furdunço

Torar: Quebrar, romper

Troço: Coisa ou pessoa imprestável

Tamborete de Forró: Pessoa muito baixa

Tomar uma: Beber

Triscado: Começando a ficar bêbado

Vice: Viu!??!

Vôte: Interjeição de espanto

Xiringar: Lançar jato

Zoada: Barulho



'Lá no meu sertão pros caboclo lê têm que aprender um outro ABC' Luiz Gonzaga

Lima Barreto; por uma leitura dos silêncios


Lima Barreto foi, e é sem dúvida, um dos grandes escritores da literatura brasileira. Sua obra abrange aspectos cruciais para a compreensão da sociedade, sendo de importância impar não somente para a Literatura, mas para a História, a Antropologia, a Sociologia, a filosofia. Apesar de ser uma figura tão relevante, permaneceu e ainda permanece no silêncio.
      Sua obra ainda não tem lugar nas bibliotecas, ele não é conhecido da mesma forma que outros literatos contemporâneos seus. Nas ultimas décadas, graças a admiradores seus, tem-se produzido bastante sobre Lima Barreto, porém resquícios de uma exclusão de cunho racista, ainda existente e diga-se de passagem, impossibilita que o Brasil desfrute de tão sublime crítica. Crítica esta que abala a estrutura dominante do país.
       Lima Barreto almejava transformar a sociedade mesquinha e sofredora na qual ele vivia, tornando-a mais justa. Seus escritos denunciavam, promoviam uma visão crítica acerca dos valores da época, onde a sociedade se firmava na aparência. Lima Barreto era contrário à absorção dos valores estrangeiros, sendo incentivador da identidade nacional, contribuindo para a manutenção da cultura brasileira e seus personagens esquecidos pela História Oficial. Lutava por uma sociedade mais justa e igualitária, onde haveria uma bela época, não a “Belle Époque”européia que em nada melhora a vida dos brasileiros, mas uma época melhor para todos. Acreditava que a literatura tinha o poder de transformação e sempre produziu uma literatura social, o que ele dizia ser uma “literatura militante”. Foi um autor que em muito acrescentou na quebra de paradigmas preconceituosos, sendo peça chave no estudo sobre as mulheres, tendo abordado inteligentemente sobre a condição feminina num país que exclui/marginaliza/banaliza a mulher, o negro, o pobre. Apesar de não receber reconhecimento em vida por tão grandiosa obra, fez a diferença em sua época e serviu de inspiração para muitas obras posteriores.