quinta-feira, 11 de março de 2010

Analisando o universo religioso contemporâneo

A religião é uma das atividades mais universais conhecidas pela humanidade, sendo praticada por todas as culturas desde longa data. Mas não há uma definição de religião universalmente aceita. Deve existir uma liberdade de religião, respeito pela diferença/opção do outro. A religião surge como desejo de encontrar um sentido, um propósito categórico para a vida, geralmente relacionado a um ou a vários seres superiores/sobrenaturais. E, de acordo com Junito de Souza Brandão, as pessoas sentem-se movidas por ideais religiosos, tornando-se dependentes dos mesmos na busca de significados válidos para suas vidas.
"Religião pode ser definida como o conjunto de atitudes e atos pelos quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em relação a seres invisíveis tidos como sobrenaturais". (BRANDÂO, 1991, p.39)
Também existe a questão da exploração comercial onde manipulam pessoas através religião (buscam uma forma de prosperar se utilizando da ingenuidade de pessoas).
Ultimamente é crescente a quantidade de indivíduos que buscam a religião como uma espécie de fuga da realidade. Eles se refugiam na esperança de que existe algo para além desse universo material, como uma forma de preencher o vazio causado pelo individualismo.
Algumas denominações religiosas passaram a modernizar rituais como estratégia para alcançar seus fiéis, como é o caso do neopentecostalismo. Este baseia suas doutrinas e práticas na Bíblia, em experiências, visões, sonhos e revelações. O neopentecostalismo tem sua origem no pentecostalismo clássico (surgido nos EUA na década de 60 e trazido para o Brasil nos anos 70) que trouxe inovações como o uso da mídia eletrônica (televangelismo) e administração empresarial nas igrejas.

Analisando o universo religioso contemporâneo, percebo que há grandes transformações; existe uma tendência de diminuição de fiéis das religiões tradicionais como a católica e a protestante tradicional e a ascensão das igrejas mais “liberais”, particularmente as neopentecostais (igrejas neopentecostais como a Universal do Reino de Deus, por exemplo, adotaram a Teologia da Prosperidade, segundo a qual Deus nos dá meios para que possamos ascender financeiramente, ou seja, é viável a relação entre o espiritual e o material).
É crescente também a quantidade de pessoas que optam por um estilo de vida mais alternativo cuja religião torna-se a própria consciência.
É imprescindível que percebamos uma coisa: O processo de globalização é marcado por uma pluralidade cultural e isso possibilita um dinamismo religioso, e, na minha opinião o diálogo inter-religioso é o caminho para as religiões atuarem de forma significante no processo de transformação cultural. Acredito que as religiões deveriam abandonar suas concepções tradicionais, excludentes, intolerantes e se abrir ao respeito ao outro. O intento religioso deveria ultrapassar a busca de uma verdade. Todos unidos em favor do bem comum. Promovendo a interação, a alteridade, a paz.

Ruptura do patriarcalismo

Estamos presenciando uma nova época marcada por diversas mudanças na organização social, em especial com relação à mulher que tem conquistado cada vez mais espaço. Hoje ela já não está condicionada a se tornar "escrava do lar", sendo controlada pelo marido e estando submetida às suas vontades. A mulher atualmente se mostra decidida, autônoma, senhora de seus objetivos e dita suas próprias regras.
O panorama das famílias atuais tem mudado em relação à autoridade masculina. Tal mudança de funcionamento da "hierarquia familiar" ocorreu pincipalmnte pelo elevado número de casamentos desfeitos, o que ocasiona indepedência à mulher pois, na maioria das vezes, ela permanece com os filhos e assume controle do cotidiano do lar, tendo inclusive que trabalhar para garantir o sustento. Outro fator determinante para a indepedência femenina foi a inserção da mulher no mercado de trabalho, motivada pela emergência do consumismo exacerbado, o que gera a necessidade de complementação da renda familiar.
A sociedade na qual vivemos (que hoje alguns denominam de "pós-moderna", "neomoderna", "hipermoderna", "Liquida", enfim, como queiram) caracteriza a família como sendo diversa. Hoje há um aumento no múmero de pessoas que optam por viver sozinhas, também a expansão de casamento de pessoas do mesmo sexo. A organização familiar é outra; pode-se ter ausência do pai, da mãe, dos filhos. Está ocorrendo uma quebra de tradição, as pessoas estão se desprendendo de determinados dogmas e se abrindo a novos valores. Se bem que persiste ainda, no interior da sociedade, pessoas que buscam uma verdade única, inviolável, tentam enquadrar os sujeitos como iguais, quando sabemos que existem múltiplas verdades, cada qual com sua legitimidade.
Os adolescentes são cada vez mais influenciados/movidos por novos padrões/valores e principalmete pela mídia (que proporciona mudanças significativas na consciência das pessoas e exerce influência direta em seus comportamentos). Eles tornam-se produto daquilo que consomem e que nem sempre lhes é saudável. Muitas vezes o problema passa a ser a própria família, onde eles são criados num universo distante da realidade e ao cresceram passam a ter contato com a novidade através de amigos, vão à procura de respostas que não encontraram no ambiente familiar. Muitas vezes percebem-se como "diferentes", com caracteristicas que sempre foram criticadas por suas familias, o que causa distanciamento e eles buscam identificação em outros lugares, com outras turmas.
Percebe-se uma evolução na confgiração das famílias, onde a figura do homem imponente, viril, protetor, dá lugar a concepção de homem interativo, que não mais dá a última palavra, ma compartilha opiniões, é aberto ao diálogo.
Logicamente não se pode negar a existência/persistência do machismo na sociedade contemporânea, até porque são inúmeros os casos de manipulação de mulheres a seus companheiros, mulheres que são vítimas de agressóes físicas e psicológicas. A violência contra a mulher é fato. Infelizmente ainda há, por parte de muitos homens, a idéia de pertencimento; eles querem controlar a vida de suas companheiras e para tal vão até as últimas consequências. Entretanto tem-se que admitir que, com relação ao machismo, houve uma redução considerável nos últimos anos e os jovens já estão adquirindo essa consciência de que as coisas já não são como eram e que há uma mudança contínua de valores influenciando as práticas dos sujeitos.

Ler o Mundo

"Volto ao essencial do pensamento: existe um paradigma novo.
Valerá, por isso, mais a pena, ler, ver e ouvir o mundo, segundo o novo, novos paradigmas.
Não faz sentido voltarmos a referenciais projectivos caducos.
O mundo tornou-se plural.
Plural nas dinâmicas, nas relações, nos conteúdos.
Plural significa muitos ao mesmo tempo.
É assim que se escreve o mundo.
Todos diferentes, todos iguais.
Não tenhamos medo de pensar, reflectir, analisar o futuro."
(Ana Paula Lemos)